Nesta peça de teatro há um morto que, sem nunca aparecer, tem o papel principal. Encenação é de Mickael de Oliveira.
O metadrama do Teatro Oficina, escrito e encenado por Mickael de Oliveira, que transporta a audiência para as angústias do processo de criação de um espetáculo de teatro, está em cena no Espaço Oficina, em Guimarães. Há novas récitas esta sexta-feira e sábado, às 21.30 horas, no Espaço Oficina, em Guimarães.
Os intérpretes, Beatriz Wellenkamp Carretas, Joana Pialgata, Siobhan Fernandes e Zé Ribeiro, dão vida a um grupo de atores que perseguem a ideia de “performance contínua e aberta”. Mas há um quinto elemento, já morto, e será este a insinuar-se como personagem principal de “Ensaio técnico”.
Depois de viver uma experiência fora do comum, ao participar num curso internacional de performance na Áustria, um grupo de jovens portugueses decide continuar as experiências extremas com que contactaram, mas agora em Portugal.
No espaço que constroem para o efeito – a que chamam “O Complexo” – levam a ideia da “performance contínua e aberta”, conceito que serviu de mote para a sua ação artística durante três anos, ao limite. No momento em que os conhecemos, estão a fazer um espetáculo de homenagem a um dos membros – o mais radical e que parecia ser o líder e o modelo para os restantes – que morreu sem que se saiba muito bem como, mas, eventualmente, na busca da performance perfeita.
A primeira criação de Mickael de Oliveira para o Teatro Oficina é inspirada no atual projeto artístico da companhia vimaranense, que pressupõe a criação artística nos processos de partilha.
“Ensaio técnico” é o teatro a refletir e falar sobre si próprio, é isso que pode tornar a peça interessante, para a gente do teatro ou para os “voyeurs” que sempre se interrogaram sobre o que fica escondido atrás do cenário.
Todavia, essa pode também ser a principal fraqueza a apontar a este trabalho: demasiado centrado sobre a própria criação teatral, ignorando o mundo à volta, podem faltar-lhe argumentos para apelar a um público mais vasto.
“Ensaio técnico” é dirigido ao público com idade superior a 16 anos e inclui interpretação em língua gestual portuguesa. Os bilhetes custam 7,5 euros.
Esta notícia foi publicada na edição online do Jornal de Notícias de 5 de outubro de 2023 e na edição em papel do dia seguinte.