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Construção da residência do Avepark parada coloca em risco milhões do PRR

O alojamento para estudantes devia ter ficado concluído em julho deste ano, mas com a necessidade de um novo concurso público dificilmente estará concluido daqui a um ano.

A construção da residência universitária no Avepark – Parque de Ciência e Tecnologia, em Barco, Guimarães, está parada, desde maio, depois de a Câmara Municipal e o Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) que ganhou o concurso para a realização da obra terem chegado a um princípio de acordo para a revogação do contrato. O projeto, no valor de 13,8 milhões de euros, tem um financiamento de 6,65 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas precisa de estar concluído até ao final de julho de 2026.

O problema nasceu das dificuldades encontradas pelas duas construtoras – Incons – Indústria Construção, SA e Lúcios da Silva Azevedo & Filhos, SA – para cumprirem com o projeto, desde a primeira hora. A Câmara Municipal terá agora de lançar um novo procedimento, mas, responsáveis da Incons ligados ao processo alertam para a necessidade de elevar o preço.

Depois das dificuldades encontradas pelas empresas que ganharam o concurso para a construção de um alojamento para estudantes do ensino superior, no Avepark, a Câmara Municipal de Guimarães chegou a um princípio de acordo com o ACE para revogar o contrato.

A Lúcios afirma até que “já não participa no processo de construção e gestão dessa empreitada, desde 13 de dezembro do ano passado, tendo cedido a sua participação à Incons”. A obra, que já passou por duas prorrogações de prazo, é financiada pelo Programa Nacional de Alojamento para o Ensino Superior (PNAES) através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e tem de estar concluída até ao final de julho de 2026, sob pena de se perder o apoio.

Edifício marcante

Fonte da Incons disse ao JN que os problemas com a empreitada começaram logo quando o projeto foi fornecido aos técnicos do ACE em BIM (Building Information Modeling). Esta metodologia de trabalho colaborativo entre as várias especialidades (engenheiros, arquitetos, construtores, entidades licenciadoras) que participam no processo de construção é o futuro, mas há empresas e organismos públicos que ainda não estão preparados.

Recorde-se que o Município pretende que a residência, projetada pelo gabinete de arquitetura Pitágoras, seja “um edifício marcante na área da eficiência energética, sustentabilidade e inovação”. O alojamento estudantil deverá ser autossuficiente em termos energéticos e ter baixos custos de manutenção. A construção modular recorre a madeiras provenientes de países nórdicos, nem sempre fáceis de obter.

Derrapagem financeira

Para concluir o que falta da obra, terá agora de ser lançado um novo concurso. A Câmara Municipal, questionada pelo JN, faz saber que o assunto será levado à primeira reunião do Executivo, após as férias, a 4 de setembro. É preciso também formalizar o acordo com o Agrupamento Complementar de Empresas. Segundo fonte da Incons, “depois de chegarmos a um princípio de acordo, a Câmara tem vindo sucessivamente a adiar o momento de levar o assunto à reunião do Executivo e, portanto, de assinar o documento”.

O ACE comprometeu-se a deixar a obra de forma que pudesse ser fechada, em boas condições de ser retomada e a prestar apoio ao construtor que vier a tomar conta da empreitada. Sabe-se que o Município já recebeu 6,29 milhões de euros de apoios do PRR, mas desconhece-se o valor que foi pago às construtoras.

Um responsável da Incons que acompanhou o processo garantiu que “os 13,8 milhões de euros pelos quais o concurso foi lançado eram muito otimistas, provavelmente vão ser precisos pelo menos 18 milhões.”

Esta notícia foi publicada na edição online do JN, no dia 31 de agosto de 2025, e na edição em papel do mesmo título, no dia 1 de setembro de 2025.