Skip to content
Home » Blog » Em Garfe os presépios não são uma brincadeira

Em Garfe os presépios não são uma brincadeira

  • by

A aldeia, do concelho da Póvoa de Lanhoso, investe meses a construir inúmeras representações do nascimento e da vida de Cristo e faz disso uma marca identitária.

As imagens nos presépios representam pessoas dos lugares onde são montados. Foto: Rui Dias

Quem chega a Garfe, na Póvoa de Lanhoso, não tem a menor dúvida de onde está porque, mesmo no meio de uma rotunda que corta a estrada principal, vê-se uma Sagrada Família feita em ferro, com as inscrição “Garfe Aldeia dos Presépios”. O movimento começou há 22 anos, por iniciativa do padre Luís Fernandes. “Foi um ano triste, em que tinha morrido muita gente na freguesia e era preciso dar alegria às pessoas”, diz. A importância desta iniciativa já chamou a atenção do próprio Papa.

O padre Luís Fernandes tem uma coleção de quase quatro mil presépios, com exemplares de várias partes do mundo. Foto: Rui Dias

Este ano, Garfe tem 22 presépios para apresentar aos visitantes, sem contar com os de pequena dimensão, construídos pelos escuteiros. A aldeia espalha-se por uma área vasta e tem diversos lugares, cada construção é o produto do trabalho das pessoas de um desses sítios. Este ano, o padre Luís Fernandes deu o tiro de partida em outubro e os obreiros deitaram-se ao trabalho. “Há muita coisa que é aproveitada, mas fazemos sempre figuras novas. Todos os anos acrescentamos imagens”, assegura Manuel Costa, um dos responsáveis pelo presépio da Quintã.

Trata-se de uma pequena aldeia com casas, castelos e moinhos, um rio que faz girar uma nora e um lago com barcos. Há ferreiros, pastores e vários momentos da vida de Jesus, desde logo a Natividade. Animais e pessoas estão à escala natural. Os camelos e os burros fazem as delícias dos mais novos que podem montá-los para tirar fotografias. Este é o único presépio onde as pessoas podem interagir com as figuras, mas todos os outros são de grande dimensão e dignos de serem apreciados. 
“As figuras representam, frequentemente, pessoas da própria terra”, aponta o padre Luís Fernandes. 

Garfe é uma aldeia dedicada aos presépios durante 12 meses, até porque o padre Luís Fernandes criou ali um museu com uma das maiores coleções do país. “Ao dia de hoje são 3789, mas está sempre a crescer”, contabiliza. A força deste movimento já chegou aos ouvidos do Papa Francisco que, em 2016, enviou uma mensagem e uma bênção apostólica para todos os habitantes de Garfe. A exposição de presépios de Garfe é visitável até ao dia de Reis.

Uma versão deste trabalho foi publicada na edição online do Jornal de Noticias, de dia 23 de dezembro de 2023.