Comerciante é o líder espiritual dos muçulmanos em Guimarães.
A cruz suástica e o número 1143 apareceram esta manhã pintados nas portas da loja Al Madina, de Hafiz Ahmed Jamil, na Avenida Alberto Sampaio. O comerciante, imigrante natural do Bangladesh, é também o líder espiritual da comunidade muçulmana e foi protagonista de uma reportagem publicada na última edição do Mais Guimarães.
Hafiz afirma que se sentiu desolado quando chegou de manhã para abrir as portas do seu estabelecimento e deparou com as portas e as paredes pichadas com o símbolo nazi e com o número 1143 (eventualmente uma referência ao ano em que foi assinado o Tratado de Zamora, que alguns consideram como marcando a independência de Portugal).”Estou há seis anos a viver em Guimarães e tenho este estabelecimento há dois anos. Vivo de acordo com a lei, não posso compreender estes atos”, lamenta o comerciante.
Como foi referido na reportagem que o Mais Guimarães publicou, as traseiras da loja Al Madina eram usadas, até há pouco tempo, como espaço de oração pela comunidade muçulmana. Hafiz que além de comerciante é também o Imã (líder religioso da comunidade Islâmica) esclarece que “a Câmara informou-nos que não podíamos rezar aqui e nós deixamos de o fazer”. O comerciante sublinha a ideia de que quer cumprir a lei portuguesa. “Somos pessoas de bem, só queremos paz”, afirma.
Mesquita para breve
O Imã não coloca de lado a ideia de que a reportagem do Mais Guimarães, em que se refere que esta comunidade procura um espaço para instalar uma mesquita, pode ter desencadeado ódios xenófobos. Hafiz reafirmou a vontade de continuar a procurar um local para os muitos muçulmanos, naturais de países como Marrocos, Índia, Bangladesh, Paquistão, Eritreia, Guiné, entre outros, poderem rezar. “Fomos recentemente ver dois espaços com a ajuda do senhor Pedro da Câmara e espero que em breve possamos ter a nossa mesquita”, afirma Hafiz.
Entretanto a empresa municipal responsável pela limpeza urbana, Vitrus, já removeu as pichagens e a PSP de Guimarães tomou nota da ocorrência.
Esta notícia foi publicada na edição online do Mais Guimarães de dia 27 de janeiro de 2024 e na edição em papel do mesmo jornal, no dia 24 de janeiro de 2024.