Depois de anos em que apenas seis ou sete jovens concorriam, nos voluntários de Guimarães, há agora 14 elementos em formação e mais 20 que vão jurar bandeira no dia 8 de dezembro
Os Bombeiros Voluntários de Guimarães (BVG) enfrentam um envelhecimento do seu corpo ativo e a inevitabilidade de muitos elementos passarem à reforma nos próximos tempos. Depois de vários anos em que os cursos para novos operacionais não atraíam mais de seis ou sete pessoas, uma campanha de marketing nas redes sociais trouxe para o curso que está a terminar 20 jovens e, dia 12 de novembro, arrancou outro com mais 14 candidatos. O comandante dos voluntários de Vizela, Paulo Félix, diz que o mais difícil não é recrutar, “mas sim manter os bombeiros na corporação”.
O número de candidatos que respondeu à chamada para ser bombeiro voluntário, nos dois últimos cursos, deixa o comandante dos BVG, Bento Marques, mais tranquilo relativamente ao futuro. Foi preciso uma campanha agressiva de promoção da imagem da corporação nas redes sociais para mobilizar os jovens. “Temos 103 elementos no ativo, muitos deles já com alguma idade”, reconhece Bento Marques. Com o número de bombeiros que estavam a formar, a substituição dos elementos que saíam não era garantida. João Pedro Castro, o presidente da Associação Humanitária dos BVG, um dos responsáveis pelo novo rosto da corporação, acredita no futuro do voluntariado. “É preciso mostrar aos jovens que isto também pode ser uma carreira”, afirma este responsável. “Paralelamente, tem de se oferecer condições atrativas de fardamento, viaturas, equipamento, quartéis”, acrescenta
Licenciados no Curso
Os candidatos a bombeiros exigem cada vez mais das corporações, até porque têm mais formação. Paulo Félix, dá o exemplo do curso a decorrer nos Bombeiros Voluntários de Vizela (BVV), “em que temos uma aluna do 4.º ano de Medicina”. Mariana Costa, de 23 anos, é licenciada em Proteção Civil e Gestão do Território, terminou a última escola nos BVG, vai jurar bandeira no dia 8 de dezembro e entrou diretamente para o quadro da corporação. João Cerqueira, de 22 anos, está a fazer mestrado em Riscos e Proteção Civil e faz parte do lote de seis homens e oito mulheres que começaram o curso este mês.
Mulheres não chegam
Paulo Félix garante que o mais difícil não é recrutar, mas sim manter os bombeiros ao serviço. “Este ano entreguei oito crachás de ouro [35 anos de serviço]. Não vou voltar a fazê-lo, porque agora não há cursos com tanta gente e porque há desistências”, aponta. “Em 2018, formamos 24 bombeiros, só estão no ativo 17”, expõe. Para este comandante, “o problema são as mudanças sociais, com os homens mais empenhados na vida familiar, as carreiras profissionais e académicas mais exigentes e o apelo dos meios digitais para a juventude se fechar em casa”. O comandante dos BVV afirma que a entrada das mulheres não foi suficiente para colmatar a menor disponibilidade dos homens, “até porque muitas desaparecem, depois do nascimento dos filhos”.
Robustez física e psicológica é requisito obrigatório. Para ser bombeiro, além da robustez física e psicológica que tem que ser atestada por um médico, é preciso ser maior de idade e ter o 12.º ano completo (ou a completar no ano em que faz o curso). A escola de bombeiros é uma formação com 225 horas, com aulas teóricas e práticas, ministradas ao longo de um ano, normalmente aos fins de semana ou em horário pós-laboral. Nos últimos três meses, o período probatório, os bombeiros estagiários passam a integrar a tripulação de uma ambulância, como terceiro elemento. As corporações fazem o recrutamento de bombeiros profissionais entre os voluntários que formam. Incentivos. Os bombeiros com pelo menos dois anos de serviço têm direito ao reembolso do valor das propinas e taxas de inscrição pagas em estabelecimentos de ensino secundário ou superior e de 50% das despesas suportadas com creches e estabelecimentos de educação pré-escolar, relativas aos seus descendentes em primeiro grau
Esta reportagem foi publicada nas edições online e em papel do Jornal de Notícias de 4 de novembro de 2023.