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Marketing nas redes atrai mais candidatos jovens a bombeiros

Depois de anos em que apenas seis ou sete jovens concorriam, nos voluntários de Guimarães, há agora 14 elementos em formação e mais 20 que vão jurar bandeira no dia 8 de dezembro

Mais difícil do que atrair voluntários é manter os elementos no ativo. Foto: Miguel Pereira/ GI

Os Bombeiros Voluntários de Guimarães (BVG) enfrentam um envelhecimento do seu corpo ativo e a inevitabilidade de muitos elementos passarem à reforma nos próximos tempos. Depois de vários anos em que os cursos para novos operacionais não atraíam mais de seis ou sete pessoas, uma campanha de marketing nas redes sociais trouxe para o curso que está a terminar 20 jovens e, dia 12 de novembro, arrancou outro com mais 14 candidatos. O comandante dos voluntários de Vizela, Paulo Félix, diz que o mais difícil não é recrutar, “mas sim manter os bombeiros na corporação”.

O número de candidatos que respondeu à chamada para ser bombeiro voluntário, nos dois últimos cursos, deixa o comandante dos BVG, Bento Marques, mais tranquilo relativamente ao futuro. Foi preciso uma campanha agressiva de promoção da imagem da corporação nas redes sociais para mobilizar os jovens. “Temos 103 elementos no ativo, muitos deles já com alguma idade”, reconhece Bento Marques. Com o número de bombeiros que estavam a formar, a substituição dos elementos que saíam não era garantida. João Pedro Castro, o presidente da Associação Humanitária dos BVG, um dos responsáveis pelo novo rosto da corporação, acredita no futuro do voluntariado. “É preciso mostrar aos jovens que isto também pode ser uma carreira”, afirma este responsável. “Paralelamente, tem de se oferecer condições atrativas de fardamento, viaturas, equipamento, quartéis”, acrescenta

Licenciados no Curso

Os candidatos a bombeiros exigem cada vez mais das corporações, até porque têm mais formação. Paulo Félix, dá o exemplo do curso a decorrer nos Bombeiros Voluntários de Vizela (BVV), “em que temos uma aluna do 4.º ano de Medicina”. Mariana Costa, de 23 anos, é licenciada em Proteção Civil e Gestão do Território, terminou a última escola nos BVG, vai jurar bandeira no dia 8 de dezembro e entrou diretamente para o quadro da corporação. João Cerqueira, de 22 anos, está a fazer mestrado em Riscos e Proteção Civil e faz parte do lote de seis homens e oito mulheres que começaram o curso este mês.

Mulheres não chegam

Paulo Félix garante que o mais difícil não é recrutar, mas sim manter os bombeiros ao serviço. “Este ano entreguei oito crachás de ouro [35 anos de serviço]. Não vou voltar a fazê-lo, porque agora não há cursos com tanta gente e porque há desistências”, aponta. “Em 2018, formamos 24 bombeiros, só estão no ativo 17”, expõe. Para este comandante, “o problema são as mudanças sociais, com os homens mais empenhados na vida familiar, as carreiras profissionais e académicas mais exigentes e o apelo dos meios digitais para a juventude se fechar em casa”. O comandante dos BVV afirma que a entrada das mulheres não foi suficiente para colmatar a menor disponibilidade dos homens, “até porque muitas desaparecem, depois do nascimento dos filhos”. 

Esta reportagem foi publicada nas edições online e em papel do Jornal de Notícias de 4 de novembro de 2023.